13 de janeiro de 2009

Juízos de valor

Nos dias que correm há, cada vez mais, a tendência de estabelecer considerações valorativas a respeito dos outros, muitas vezes sem se ter um conhecimento profundo dessas pessoas...

Encontrei esta lenda que, para além dos juízos de valor, ilustra bem o espírito de partilha, cooperação e colaboração que seria de desejar entre todos os cidadãos.

“Era uma vez seis amigos, todos cegos, que moravam na Índia, terra dos maiores animais da Terra: os elefantes.
Naturalmente, não tinham a menor ideia de como era um elefante. Um dia, estavam sentados a conversar quando escutaram um urro.
– Acho que está passando um elefante pela rua – disse um deles. – É a nossa oportunidade de descobrir que tipo de criatura é esse tal de elefante. – E foram todos para a rua.
O primeiro cego esticou o braço, tocou na orelha do elefante e pensou: – “Ah! O elefante é uma coisa áspera, ondulada. É como um leque.”
O segundo cego pegou na tromba e concluiu: – “Agora entendo. O elefante é uma coisa comprida e redonda. É como uma cobra gigante.”
O terceiro cego agarrou-se a uma perna do elefante e certificou-se: – “Eu jamais iria adivinhar! O elefante é alto e forte, como uma árvore.”
O quarto cego pegou o lado da barriga do elefante dizendo para si mesmo: – “Agora eu sei. O elefante é largo e liso como uma parede.”
O quinto cego passou a sua mão por uma das presas do animal, assustando-se: – “O elefante é um animal duro e pontiagudo como uma lança.”
O sexto cego pegou no rabo do elefante e decepcionou-se: “Ora, ora! Mas esse tal de elefante é apenas uma coisinha como uma cordinha fina!”

Posto isto sentaram-se juntos novamente, para falar sobre o elefante.
–Ele é áspero e ondulado, como um leque! – disse o primeiro.
– Nada disso; é comprido, como uma cobra – disse o segundo.
– Não digas asneiras! – riu o terceiro. – Ele é alto e firme, como uma árvore.
– Ah, nada disso – disse o quarto. – Ele é largo e liso, como uma parede.
– Duro e pontiagudo, como uma lança! – gritou o quinto.
– Fininho e comprido, como uma cordinha! – esganiçou-se o sexto.
Então começaram todos discutir com exaltação, à beira da violência física. Cada um insistia que tinha razão. Afinal, não tinham tocado com as suas próprias mãos o corpo do animal?!
O dono do elefante ouviu a gritaria e decidiu ver que confusão era aquela.
– Cada um de vós está correcto no que afirma, segundo o que vos foi dado conhecer; mas cada um de vós está igualmente errado – disse ele. E continuou, sentenciando: – Um homem sozinho não consegue saber toda a verdade, só uma pequena parte dela. Porém, se trabalharmos juntos, cada um contribuindo com a sua parte para a formação do todo, aí sim, poderemos obter sabedoria.”

1 comentário:

Raquel do Carmo disse...

Neste mundo cada vez mais egoísta e egocentrista? Seria desejável...Mas cada vez mais difícil.